Barro

O deserto guarda a solidão, o deserto adormece as mãos calejadas do povo nômade no fundo da paisagem dos grandes centros de vanguarda e cores, o deserto abnega grandes pretensões a desagregar a junção de coletividade, mas guarda a vista plana em belas paisagens de miragem, o calor alimenta cede dos dias que passam em tempestades de areia. O deserto da imensidão humana, da aridez de desejos e sonhos, da invalidez fértil da terra, grandes sobreviventes e lobos vivem no deserto, há vida na areia por mais que nossa imaginação negue incansavelmente sobre alguma possibilidade e certeza de vida num lugar tão improvável.

Há vidas que nascem na areia, há vidas que vivem do calor, há vidas que mergulham e se arrastam na seca, há vida em todos os lugares, de todas as formas, por que a vida é um devaneio mistério e somos apenas seus eremitas, somos brotados e mergulhamos na areia pra percorrer e sobreviver nossos dias arenosos de cada dia, a desenterrar idéias da areia, a usar os recursos da terra para todos os fins da nossas arenosas e inconstantes idéias, a transformar os desertos de tédio, os desertos da terra em grandes monumentos de capacidade humana, em grandes centros urbanos, em grandes sonhos concretos, a usar o concreto da pedra que antes era terra.

Sonhos são areias em formas concretas, o barro que moldou os homens e molda suas construções, o barro é o instrumento que Deus utilizou para moldar os seres humanos e seus sonhos, por fim tudo é uma obra de arte feita de terra, do planeta chamado terra. 

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