Navio em alto mar

Nas cidades, nas aglomerações humanas, diante tantas vidas e movimentos do dia a dia, mesmo assim há seres a ter a sensação de estarem sozinhos, a mergulhar num breu escuro e de desalento, tantos habitantes juntos, tantas pessoas interagindo nas mesas dos restaurantes e chega no fim do expediente emerge um sentimento vazio, a estremecer o coração e congelar a alma. Movimento, euforia, trocas e prazeres e o sujeito só nas luzes que brilham, a naufragar aos poucos em alto mar com seu navio sem farol e desgovernado até a ilha.

Tornando-se o naufrago dos dias, o desconhecido da noite, o eremita da comunicação, ausente das massas a fugir da entediada solidão, para alguns a solidão é um escape pra inspiração, a criar grandes citações artísticas, para outros o encontro da paz e a serenidade peregrinando em busca de uma evolução do espirito, para outros a condenação. Solidão que amedronta ou conforta, cria asas para a liberdade ou atormenta o carente, afinal tudo torna-se relativo aos dias e noites, o navio continua a circular até o destino.

A tripulação a viajar, em destino a ilha, entre a cantarolar doa pássaros do dia e do breu da noite entre a comunicação e a solidão, entre a ilha e a cidade, horas precisam-se de companhia horas precisam-se de calmaria, horas de interação e horas de silêncio, tudo pra tornar a viagem uma harmoniosa sinfonia. Talvez sejamos um navio em alto mar. "