Sergio Weinfuter

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Analgésicos: Os perigos da automedicação ( Parte I)

Analgésicos: Os perigos da automedicação ( Parte I)



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Imagem: http://www.portalsaudenoar.com.br/os-perigos-da-automedicacao-e-o-tema-do-saude-no-ar-desta-quarta20/



Uma de tantas coisas que estão arraigadas na cultura brasileira é que ao sentir algum tipo de dor, precisa logo tomar remédios. Infelizmente ninguém procura o médico, correm para a farmácia mais próxima e comprar indiscriminadamente qualquer analgésico que encontrar, sem consultar o farmacêutico, pelo menos.


Conheço pessoas que compram os mais variados tipos de analgésicos e tem um diferente para diferentes tipos de dor. Mulheres levam em sua bolsa um comprimido para a dor forte, um para a fraca e mais um para dores intermediárias e se procurar é capaz de encontrar um para quando não existir dores.


O problema que a alta medicação faz mais mal a saúde do que bem e até pode matar. Um caso do tipo ocorreu em 1973 com o astro de cinema e lutador de artes marciais Bruce Lee. Segundo depoimento de sua esposa Linda Lee “Eles trabalharam até as 16 horas e depois dirigiram juntos para a casa da colega Lee Betty Ting, uma atriz de Taiwan. Os três passaram o script em casa e, em seguida Chow se retirou. Mais tarde, Lee se queixou de uma dor de cabeça, e Ting deu-lhe um analgésico denominado Equagesic, que incluía aspirina e um relaxante muscular.” (Wikipédia, 2017)


Mas ninguém estava preparado para o que aconteceriam em seguida, nem ele próprio e “Cerca de 19h30min, recolheu-se para dormir. Quando Lee não apareceu para jantar, Chow chegou ao apartamento, mas não viu Lee acordado. Um médico foi chamado, que passou dez minutos tentando reanimá-lo antes de enviá-lo de ambulância ao hospital.” (Wikipédia, 2017)


Porém já era tarde e “Lee foi dado como morto no momento em que chegou ao hospital. Não houve lesão externa visível, porém de acordo com relatórios da autópsia, o seu cérebro tinha inchado consideravelmente, passando de 1.400 a 1.575 gramas (um aumento de 13%). (Wikipédia, 2017)


Também ele não era uma pessoa idosa que poderiam usar a idade como desculpas, pois “Lee tinha 32 anos. A única substância encontrada durante a autópsia foi Equagesic. Em 15 de outubro de 2005, Chow declarou em uma entrevista que Lee morreu de anafilaxia ao relaxante muscular "Equagesic", que ele descreveu como um ingrediente comum em analgésicos.” Além de estar bem de saúde, ele tinha um físico invejável, nada que denunciasse sua morte iminente, mas devido a um descuido, acabou morrendo.


Oficialmente segundo a autópsia ele morreu de uma exagerada reação alérgica a um componente que continha na fórmula do comprimido analgésico que tomou, um pouco antes de dormir e tragicamente morreu. Se tivesse se dado ao trabalho de chamar o seu médico quando sentiu o problema, poderia estar vivo até hoje. “Houve ainda rumores de uma maldição hereditária sobre a família Lee, que afetou mais um membro em 1993, quando o seu filho, Brandon Lee, foi morto em um acidente estranho durante as filmagens do filme O Corvo.” (Wikipédia, 2017)


Mesmo havendo uma briga judicial, várias autópsias e até teorias de conspiração “A explicação oficial é que Bruce Lee teve uma reação adversa aos remédios que havia tomado para a sua dor de cabeça, o que causou um edema cerebral, matando o ator.” (Wikipédia, 2017) Simples assim, morreu por ter se automedicado.


Segundo o Dr. José Júlio de Andrade Fonseca, médico do trabalho e a Dra Josélia Frade médica ginecologista em seu artigo “Automedicação, velho hábito brasileiro” escrito em 2005 diz que “Uma série de situações leva os indivíduos a optarem por esta perigosa situação: falta de recursos para ter acesso a um médico, hospital ou posto de saúde; maus hábitos culturais: Meu vizinho disse que é um remédio muito bom, minha tia já usa há muitos e muitos anos, minha mãe não ia me indicar um remédio ruim... e assim por diante.” E seguem-se as justificativas sem lógicas.


91dadc04.jpgOutro problema que ajuda esse péssimo hábito é a disponibilidade de encontrar remédios nas farmácias, que vendem indiscriminadamente todo os tipos e “Soma-se a isso a facilidade, em nosso país, de acesso à compra de medicamentos sem receituário médico.” (Fonseca e Frade, 2005) Mesmo aqueles remédios que não podem ser vendidos sem receita médica, se souber onde comprar, com certeza vai conseguir levar para sua casa, quase sempre um pequeno suborno resolve o problema.


Mas as pessoas que se expõem a esses procedimentos, não estão cientes dos riscos que estão correndo. Segundo Fonseca e Frade (2005) “Nós, seres humanos, nos consideramos criaturas mais inteligentes e capazes jamais surgidas antes no planeta. Se assim fosse não deveríamos nem ter a coragem de pensar em automedicação.” Por isso, pelos menos alguns de nós, não são tão inteligentes assim, a ponto de recusar a automedicação.


Segundo os autores do artigo “É uma prática extremamente perigosa e que se torna ainda mais nociva em grupos humanos com significativos fatores de vulnerabilidade, tais como: pobreza, baixo nível de educação, falta de visão crítica diante da mídia, impossibilidade de argüir (sic) os poderes constituídos, invasão pelo marketing e outros. Não existe automedicação inocente nem 100% inócua.” (Fonseca e Frade, 2005) Por isso não vale a pena se automedicar.


b4e25c32.jpgO perigo maior de se automedicar é que “A automedicação vai desde uma atitude aparentemente inocente, como o uso de uma aspirina para dor de cabeça ou um antiespasmódico para cólicas menstruais até à falta de bom senso em indicar para si próprio ou para os outros tratamentos à base de antibióticos ou antidepressivos. As pessoas não imaginam quantos problemas relacionados a isso aparecem nos hospitais." (Fonseca e Frade, 2005) Os medicamentos nunca devem ser indicados por pessoas não qualificadas, pois isso pode levar o paciente a morte.


Para quem escuta a recomendação de um “entendido no assunto” os riscos são grandes e os sintomas “São reações alérgicas, gastrites, úlceras, acidentes vasculares cerebrais, piora do quadro clínico e aumento das dificuldades para combater doenças já instaladas.” E por pior que seja, não são somente as pessoas leigas no assunto que fazem esse arriscado procedimento, “Sabemos, inclusive, que devido aos maus hábitos, até pessoas que trabalham na área de saúde fazem, lamentavelmente, automedicação. Isso ocorre também entre pessoas cultas, instruídas, sem problemas econômicos e que não teriam dificuldade para consultar um médico.” (Fonseca e Frade, 2005)


Generalizando é que se analisarmos corretamente poucos são as pessoas que não recorrem à automedicação e com facilidade. Auxiliados nesse mal comprotamento, pois “Na prática, no Brasil, infelizmente, é quase sempre possível adquirir qualquer medicamento sem receita.” (Fonseca e Frade, 2005) Com aquele amigo, conhecido que trabalha no hospital, posto de saúde ou farmácia e até aquele curandeiro que manipula ervas medicinais, pode conseguir algum tipo de remédio, sem precisar consultar um médico para saber o que está acontecendo com sua saúde.


Apesar de todo o trabalho de conscientização sobre os perigos da automedicação, não está diminuindo esse procedimento arriscado e “Vemos então que a caminhada em direção à diminuição da automedicação é longa e complexa.” Porque esse processo “Passa pela diminuição da vulnerabilidade das pessoas à medida em que melhorar a sua conscientização a respeito do problema, levando-as a ampliar o cuidado e o respeito consigo próprio e os outros, cobrando a melhoria da fiscalização e mais rigor na aplicação das leis e melhor controle das propagandas de remédios nos meios de comunicação.” (Fonseca e Frade, 2005)


Continua...


Meu blog:

http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/

Para saber mais:

Fonseca e Frade. José Júlio de Andrade e Josélia. Automedicação, velho hábito brasileiro. Disponível em: http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node/5499 Acesso em: 12/02/2017

____ Bruce Lee, Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bruce_Lee Acesso em: 12/02/2017



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Comentários

Sergio Weinfuter

há 7 anos #1

#1
Sim, é isso mesmo, um grande perigo! @Thiago Smicelato

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