CERNUNO O DEUS CORNUDO
Imagem: http://bruxaguinevere.blogspot.com.br/2006/11/o-deus-cornfero.html
Celta, uma cultura que desperta muita curiosidade em nossa moderna cultura e muitos dos aspectos ligados a cultura Celta, ainda continuam obscuros, mas quando são estudados, torna-se fascinantes. Um desses seres fascinantes encontrados nessa cultura é a figura mitológica do deus cornudo ou Cernuno. A palavra “Cernuno (em latim e nos idiomas celtas, Cernunnos) é o nome convencional dado nos estudos celtas às representações do deus com chifres do politeísmo celta.” (Wikipédia, 2017 p.1)
Segundo os estudiosos “O próprio nome é apenas atestado uma vez, no Pilar dos Barqueiros, do século I, mas as representações de uma figura com chifres, frequentemente sentada em "posição de lótus", e frequentemente associada a animais e a manter ou vestir torques, são conhecidas de outras instâncias.” (Wikipédia, 2017 p.1)
Mas, não é somente isso “O nome tem sido comparado a um epíteto divino Carnonos em uma inscrição céltica escrita em caracteres gregos em Montagnac, Hérault (como καρνονου, karnonou, no caso dativo). Um adjetivo galo-latim carnuātus, "com chifres," também é encontrado.” (Wikipédia, 2017 p.1) Ressaltam os pesquisadores.
No nome desse deus do panteão Celta “A forma proto-céltica do teônimo é reconstruída como ou *Cerno-on-os ou *Carno-on-os. O aumentativo -on- é característico do teônimo, como em Maponos, Epona, Matronae e Sirona. Maier (2010) estabelece que a etimologia de Cernunnos é desconhecida, como a palavra céltica para "corno" como um a (tal como em Carnonos).” (Wikipédia, 2017 p.1)
Já “Karnon do gaulês "corno" é cognato com cornu do latim e com *hurnaz do germânico, com horn do inglês, basicamente do proto-indo-europeu. O étimo karn- "corno" aparece tanto no gaulês como nos ramos gálatas do celta continental.” Em outros locais o nome também é encontrado, como por exemplo em “Hesíquio de Alexandria lustra a palavra gálata karnon (κάρνον) como "trompete gálico", isto é, o corno militar celta listado como o carnyx (κάρνυξ) de Eustácio de Tessalônica, que nota sino com forma animal do instrumento.” Também “A raiz aparece nos nomes de regimes celtas, sendo o mais proeminente entre eles, os Carnutes, significando algo como "os Únicos Com Chifres," e em vários exemplos de nome civil encontrados nas inscrições.” (Wikipédia, 2017 p.1)
Em evidências epigráficas “O nome Cernunnos ocorre apenas na "Pilar dos Barqueiros" (Pilier des nautes), agora mostrado no Musée National du Moyen Age em Paris. Construído por marinheiros gauleses provavelmente no século 14 D.C., foi descoberto em 1710 dentro das fundações da catedral de Notre-Dame de Paris, sítio da antiga Lutécia (Paris), a capital da civitas dos Parísios célticos.” (Wikipédia, 2017 p. 2)
Para os pesquisadores “A coluna de pedra distintiva é um monumento importante da religião galo-romana. Seus baixos-relevos retratam e rotulam por nome várias deidades romanas tais como Júpiter, Vulcano e Castor e Pólux, com as deidades gálicas tais como Esus, Smertrios, e Tarvos Trigaranus.” Também “O nome Cernunnos pode ser claramente lido nos desenhos das inscrições do século 18, mas a letra inicial foi obscurecida desde então que hoje apenas a leitura ernunnos pode ser verificada. (Wikipédia, 2017 p. 2)
Ainda uma “Evidência adicional é dada em uma inscrição sobre uma placa de metal de Steinsel-Rëlent em Luxemburgo, no território dos tréveros célticos. Esta inscrição lida Deo Ceruninco, ao deus Cerunincos", foi assumida ser a mesma deidade.” Enquanto isso “A inscrição gaulesa de Montagnac lida αλλετ[ει]υος καρνονου αλ[ι]σο[ντ]εας (alleteiuos karnonou alisonteas), com a última palavra sendo possivelmente um nome local baseado em alisia, "árvore de serviço" ou "rocha" (compare Alésia, Alisiia gaulesa).” (Wikipédia, 2017 p. 2)
Segundo a cultura Celta “O deus rotulado [C]ernunnos na Pilar dos Barqueiros é retratado com chifres de veado em seus estágios iniciais de crescimento anual. Ambos os chifres tem torques pendendo deles.” Infelizmente “A parte mais baixa do seu relevo está perdida, mas as dimensões sugerem que o deus estava sentado na "posição de Buda", provendo um paralelo direto à figura com chifres no caldeirão Gundestrup.” (Wikipédia, 2017 p. 2) Uma posição clara de concentração e meditação.
Com isso “Por causa de sua associação frequente com criaturas, acadêmicos descrevem Cernunnos frequentemente como o "Senhor dos Animais" ou o "Senhor das Coisas Selvagens", e Miranda Green o descreve como um "deus pacífico da natureza e de frutescência". (Wikipédia, 2017 p. 2)
Mas, “O Pilier des nautes o liga aos marinheiros e ao comércio, sugerindo que também era associado ao bem-estar material tanto ao fazer uma bolsa de moedas de Cernunnos de Rheims (Marne, Champagne, França)—na antiguidade, Durocortorum, a capital civitas da tribo Remos—quanto o veado vomitando moedas de Niedercorn-Turbelslach (Luxemburgo) nas terras dos tréveros.” (Wikipédia, 2017 p. 2)
Seja como for “O deus pode ter simbolizado a fecundidade da floresta habitada por veados.” Dizem os pesquisadores e estudiosos da cultura Celta. Há também “Outros exemplos das imagens de "Cernunnos" incluem um petroglifo em Val Camonica na Gália Cisalpina. A figura humana com chifres foi datada como pertencendo inicialmente ao século 7 A.C. ou tardiamente no século 4. (Wikipédia, 2017 p. 2)
Esse deus estava presente na cultura Celta, mas há poucas representações dele. Uma das poucas e escassas figuras encontradas é “Uma criança com chifres que aparece em um relevo de Vendeuvres, flanqueada por serpentes e segurando uma bolsa feminina e um torque. A melhor imagem conhecida aparece no caldeirão Gundestrup encontrado em Jutlândia, datando do século I a.C., pensado representar um tema céltico embora usualmente visto como de acabamento trácio.” (Wikipédia, 2017 p. 2)
Apesar de ser uma figura curiosa esse deus não está sozinho na cultura Celta, pois “Entre os celtas ibéricos, figuras cornudas ou chifrudas do tipo Cernuno incluem um deus "tipo-Janus" de Candelario (Salamanca) com dois rostos e dois pequenos cornos; um deus cornudo das colinas de Ríotinto (Huelva); e uma representação possível da deidade Vestius Aloniecus próximo ao seu altar em Lourizán (Pontevedra). (Wikipédia, 2017 p. 2)
Com o advento do cristianismo passou-se a classificar deuses com cornos como sendo anjos caídos, deuses do mal, em outras palavras, demônios. Mas na cultura Celta muitos de seus deuses tinham chifres e nem por isso representavam o mal ou algo obscuro, pelo contrário, para eles “Os cornos são aceitos por representar "força agressiva, vigor genético e fecundidade." (Wikipédia, 2017 p. 2) Portanto, eram seres bem-vindos.
Porém mesmo para o povo Celta “Representações divinas do tipo Cernuno são exceções são a visão frequentemente expressa de que os celtas apenas começaram a representar seus deuses na forma humana depois da conquista romana da Gália. (Wikipédia, 2017 p.2) Uma clara influência da cultura Romana, sobrepujando a cultura dos celtas.
Mas segundo os estudiosos, mesmo havendo representações “O "deus com cornos" céltico, enquanto bem atestado na iconografia, não pode ser identificado na descrição da religião céltica na etnografia romana e não parece ter sido dado qualquer interpretatio romana, talvez devido a ser muito distintivo ser traduzível ao panteão romano.” (Wikipédia, 2017 p.2)
Portanto “Enquanto Cernunnos nunca foi assimilado, acadêmicos têm às vezes comparados a ele funcionalmente às figuras divinas gregas e romanas tais como Mercúrio_(mitologia), Actaeon, formas especializadas de Júpiter, e Dis Pater, o último dos quais Júlio César disse que era considerado o ancestral dos gauleses.” (Wikipédia, 2017 p.2)
Hoje ainda “Existem tentativas de encontrar a raiz cern no nome de Conall Cernach, o irmão adotivo do herói irlandês Cuchulain no Ciclo do Ulster. Nesta linha de interpretação, Cernach é tomada como um epíteto de um campo semântico amplo — "angular; vitorioso; conduzindo um crescimento proeminente" — e Conall é visto como "a mesma figura" como o antigo Cernunnos.” (Wikipédia, 2017 p. 3)
Também “Alguns veem as qualidades de Cernuno agrupadas na vida de São Ciarán de Saighir, um dos Doze Apóstolos da Irlanda. Quando estava construindo sua pequenina primeira célula, como seu hagiógrafo se estende, seu primeiro discípulo e monge era um porco do mato que tinha sido representado meigo por Deus. Este foi seguido por uma raposa, um texugo, um lobo e um veado. (Wikipédia, 2017 p.3)
Na atualidade a crença celta desenvolvida “Na Wicca e outras formas de neopaganismo um deus cornudo é reverenciado; esta divindade sincretiza um número de deuses cornudos e chifrudos de várias culturas, incluindo Cernuno. O deus cornudo reflete as estações do ano em um ciclo anual da vida, morte e renascimento.” Portanto, mesmo não sendo tão popular, ele ainda persiste ao tempo e é adorado pelos seus devotos. “Na tradição do Wicca Gardneriana, o deus cornudo é às vezes especificamente referido como Cernunnos, ou às vezes também como Kernunno.” (Wikipédia, 2017 p.3) Para eles seu deus não representa o mal e mesmo contendo chifres ele precisa ser adorado e reverenciado.
Essa é mais uma das múltiplas facetas da riquíssima cultura celta que embora quase tenha desaparecido da face da terra, devido ao subjugamento de outros povos, culturas e religiões, em alguns lugares ainda encontram-se adeptos, que seguem os antigos preceitos. Cultuam seus deuses, preservam a sua sabedoria milenar, contribuindo dessa forma com o enriquecimento da cultura mundial. Porém mesmo com toda vontade das pessoas do século XXI em seguirem as tradições celtas, muito se perdeu ao longo do caminho, dificultando para eles e também para os pesquisadores, saberem exatamente como aconteciam as cerimônias dos Celtas. Mas estão tentando recriá-las e com isso, os deuses cornudo, ainda resistem!
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Para saber mais:
___Cernuno. Wikipédia, a Enciclopédia Livre, 2017. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cernuno Acesso em: 05/06/2017
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