KATE SHEPPARD – NA LUTA PELOS DIREITOS DAS MULHERES

                                                                Imagem:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Kate_Sheppard

“Onde está a razão quando uma mãe é considerada indigna de votar enquanto os mentirosos, devassos e blasfemadores tem esse direito?”

Kate Sheppard um nome desconhecido em nosso século, mas ela foi uma das muitas mulheres guerreiras, inconformadas com as restrições em sua época, impostas as mulheres de seu tempo. Para Castro (2017) “Hoje, quando falamos de direitos das mulheres certas coisas parecem meio óbvias, como o direito a votar e usar a roupa que elas bem entenderem. Mas nem sempre foi assim.”

No século XIX “Em 1893, Kate Sheppard conseguiu reunir a assinatura de 32 mil mulheres para que o parlamento local aprovasse o direito ao voto a elas. O documento tinha 270 metros de comprimento, garantiu que as mulheres da Nova Zelândia pudessem votar e inspirou movimentos parecidos ao redor do mundo.” (Castro,2017)

E “Mesmo com esta vitória, ela continuou lutando nos anos seguintes por outros direitos como a liberdade para mulher pedir divórcio e ter a guarda dos filhos, o fim da obrigatoriedade do uso do espartilho, além de conseguir o direito para que mulheres praticassem atividades físicas.” (Castro,2017) Não ficou calada ante a arrogância masculina, que em sua época via a mulher como um ser que deveria ficar em casa, cuidando das crianças, limpando e cozinhando, sem direitos a liberdade de expressão, obedecendo cegamente ao seu marido.

Mas, quem foi essa mulher com tremenda força de vontade, lutando contra todos os empecilhos impostos elas, quando elas ainda nem tinham direito ao voto? Segundo Wikipédia (2017) “Katherine Wilson Sheppard (Liverpool, 10 de março de 1847 – Christchurch, 13 de julho de 1934) foi o membro de maior destaque do movimento pelo Sufrágio feminino da Nova Zelândia.” Em sua data de nascimento o ano é incerto, algumas fontes citam como sendo o ano de 1848, o ano de seu nascimento. De qualquer forma ela nasceu no próximo da metade do século XIX, uma época sombria, uma época de transformações, mudanças na sociedade e Sheppard aproveitou essa época revolucionária para lutar pelos direitos das mulheres.

Segundo a Enciclopédia da Nova Zelândia (1966) em inglês *“Katherine Wilson Malcolm nasceu em Liverpool em 1848, mas foi criada e educada na Escócia. Seu pai, Francis Malcolm, foi descrito como um banqueiro e advogado. Em 1869 Kate Malcolm veio para a Nova Zelândia com sua mãe e irmãs. A família estabeleceu-se em Christchurch onde Kate, dois anos mais tarde, casou-se com Walter Allen Sheppard, um membro do primeiro conselho de cidade de Christchurch.”

Desde cedo *“A Sra. Sheppard foi ativa no trabalho social em conexão com a Igreja Congregacional da Trindade. Em 1885, ela foi uma das primeiras a se unir à recém-criada Women's Christian Temperance Union.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966) Já *“Dois anos mais tarde, foi nomeada superintendente do Departamento de Franquias da W.C.T.U. Durante os seis anos seguintes, a Sra. Sheppard liderou a campanha de voto feminino.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966)

Para isso *“Ela preparava e distribuía folhetos, correspondia com simpatizantes na Nova Zelândia e no exterior, escrevia cartas à imprensa e incitava os ramos das reuniões da Igreja, e debatia as sociedades para discutir o assunto da franquia feminina.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966) Tudo em uma época em que a comunicação era muito mais difícil; também ela corria o risco de ser presa, simplesmente por defender seu ponto de vista. Nessa época revolucionária era extremamente perigoso expressar sua opinião, principalmente se fosse mulher. Elas simplesmente não tinham direito de falar em sua defesa, a tribuna para elas era inacessível.

Mesmos com todas as dificuldades *“Em 1888, a Sra. Sheppard preparou a primeira das cinco petições parlamentares apresentadas pelo W.C.T.U., rezando para que a definição de "eleitor" na Lei Eleitoral fosse alterada para incluir as mulheres. A petição foi apresentada por Sir John Hall, que liderou o ataque nos anos seguintes.”(Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966) Enfim, um aliado surgiu!

E estava somente começando. *“A segunda e a terceira petições, em 1890 e 1891, levaram mais de 10.000 assinaturas, e a quarta, em 1892, mais de 20.000.” O movimento ganhava força e *“Nesse último ano Franchise Leagues foram formadas em muitos centros por iniciativa do W.C.T.U. A campanha ganhou força e a petição de 1893 obteve o número recorde de 31.872 assinaturas, "genuínas e todas as mulheres", que era quase um terço da população feminina adulta da Nova Zelândia.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966)

Com todo esse barulho, enfim, começaram a ser ouvidas, mas ainda não seria fácil e *“Enquanto a Sra. Sheppard despertou com sucesso a opinião pública, os defensores da causa travaram a batalha no Parlamento.” Grande parte dos parlamentares ainda se mostravam irredutíveis e *“Uma sugestão para dar o voto aos parlamentares das mulheres somente, foi rejeitada pelo W.C.T.U. Em 1893, depois de vários contratempos, uma Lei Eleitoral com a alteração desejada finalmente obteve a maioria.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966)

Enfim uma lei foi aprovada e “*Em 19 de setembro recebeu o assentimento do governador e, nas eleições gerais mais tarde nesse ano, as mulheres de Nova Zelândia exerceram pela primeira vez o voto.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966) Foi a primeira vez que as mulheres neozelandesas puderam sentir o gostinho da liberdade, o gosto de votar em algo que elas realmente queriam, sem precisar de intermediários para isso. A Nova Zelândia se tornou o primeiro país a dar direito ao voto feminino. Uma grande batalha vencida por Sheppard e as mulheres que se juntaram a ela, nessa difícil luta.

Mais ela ainda não estava contente com a vitória recém-conquistada e *“Em junho de 1891, a Sra. Sheppard inaugurou uma página para mulheres no Prohibitionist, usando o apelido de "Penélope". Quatro anos mais tarde, ela foi nomeada editora da White Ribbon, o novo diário da W.C.T.U.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966)

As organizações de mulheres tinham grandes esperanças de usar a franquia para ganhar a simpatia de todos e acabar com a proibição para as mulheres e outras reformas sociais. *“Em abril de 1896, uma conferência em Christchurch formou um Conselho Nacional das Mulheres da Nova Zelândia, com a Sra. Sheppard como presidente. Ela manteve esse cargo (além de um mandato como vicepresidente em 1898-99) até a virada do século quando ela deixou a Nova Zelândia para viajar para o exterior.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966) Com sua ilustre presença pela Europa a luta pelos direitos femininos ganharam força e começaram aparecer em todas as partes, muitos desses movimento inspirados pelos progressos na Nova Zelândia.

Em viagem “*Na Grã-Bretanha e no continente europeu, Sheppard conheceu muitos líderes do feminismo.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966) Muitas das quais incentivadas pela sua presença, fizeram grandes progressos na luta pelos direitos das mulheres em toda Europa.

Após suas viagens e *“Depois de seu retorno à Nova Zelândia, ela foi reeleita presidente do Conselho Nacional em 1905, mas a organização, que entrou em conflito agudo com o governo liberal, saiu da existência logo depois. Ele foi revivido durante a Primeira Guerra Mundial, quando a Sra. Sheppard foi novamente eleito presidente.” (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966)

No século XX *“Com a morte do seu primeiro marido em 1915, a Sra. Sheppard, 10 anos mais tarde, casou-se com William Sidney Lovell Smith, autor de Outlines of Women's Franchise Movement na Nova Zelândia (Christchurch, 1905).” O Esboços do Movimento de franquia das Mulheres na Nova Zelândia, em português. *“Em 13 de julho de 1934 ela morreu em sua casa em Riccarton. Sua amiga íntima, Jessie Mackay, prestou homenagem a ela como "a mulher cuja vida e personalidade marcaram profundamente a história da Nova Zelândia". (Enciclopédia da Nova Zelândia, 1966)

Em vida, ela não somente marcou a história da Nova Zelândia, mas marcou a história do mundo. Com sua enorme vontade de mudanças, acreditando em seus ideais, ela fez o que ninguém tinha conseguido fazer até então e derrubou muitas portas que eram fechadas para as mulheres, derrubando conceitos e preconceitos infundados, mostrando a todos que as mulheres podiam e deviam lutar pelos seus ideais, elas não nasceram para ficarem caladas, elas tinham voz e essa voz continuaria a ser ouvida em todo o século XX. Porém a luta iniciada dois séculos antes, continua no século XXI.

*Nota: (Texto traduzido e adaptado do inglês pelo autor deste artigo)

Meu blog: http://guerreiro-das-sombras.webnode.com/

Para saber mais:

____Kate Sheppard. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Kate_Sheppard Acesso em: 14/03/2017

CASTRO. Edson, 7 mulheres maravilhosas que você nunca deve esquecer. Disponível em: http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/7-mulheres-fodas-que-voc%C3%AA-nunca-deveesquecer/ar-AAnNkBN?ocid=NL_PTBR_A1_OM2-PID84423 Acesso em: 14/03/2017

MACKAY. J. Woman Today, Vol. 1, No. 1, April 1937, “Pioneer Women” DIP.N.Z.L.S., Deputy Librarian, University of Auckland.

'SHEPPARD, Katherine Wilson', from An Encyclopaedia of New Zealand, edited by A. H. McLintock, originally published in 1966. Te Ara – the Encyclopedia of New Zealand URL: http://www.TeAra.govt.nz/en/1966/sheppard-katherine-wilson (accessed 15 Mar 2017)

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